domingo, 31 de julho de 2011

O velho-novo Chico

Ontem meu grande amigo Roney Torres me enviou o link de uma matéria da Veja que fazia uma análise do novo trabalho de Chico Buarque. Se a intenção era cobrar Roney, você conseguiu. Pelo twitter cheguei a comentar um pouco sobre o meu desagrado com a matéria da Veja, então hoje não darei continuidade a isso. Irei me dedicar exclusivamente a comentar o cd como era certo que eu o faria, sem me apegar a discutir sobre a opinião de uma revista que tem - todos sabem - atritos com o cantor e compositor que lhe nega entrevista e ainda tem o "disparate" de assumir apoio a presidenta petista. Posto isso, vamos ao Chico.

Na minha expectativa de um cd de inéditas de Chico Buarque existia alguns sonhos; e, vale dizer, todos eles foram patrocinados pelo cantor. Sonhava músicas com arranjos mais modernos, seguindo a trilha de Carioca (2006). Na vibe de um Chico moderninho com site de divulgação postando material diariamente, eu esperava  um álbum com uma produção gráfica bem elaborada. 
Comecei acordar quando assisti no site o vídeo de "Querido Diário" - a primeira música lançada pra quem comprou na pré venda. Seguindo o site diariamente, comecei a aceitar a possibilidade de que o Chico Buarque de 2006 poderia estar mais distante que aquele dos anos 60,70. O Chico (2011) tem traços do CBH do inicio da carreira.
Obviamente já não é o garoto de 20 anos compondo, é o homem de 67 com outros anseios, outra cabeça, outros amores. E por falar de amores Chico pode até não saber "pra que / Outra história de amor a essa hora", mas eu gostei muito desse romantismo matreiro que ronda todo o álbum. A regravação de "Se Eu Soubesse" com Thais Gulin bem no estilo choro canção é uma delícia que complementa. Sempre adorei os duetos de Chico Buarque com mulheres, então aqui fica até óbvio eu ter gostado! rs
Bom, mas e a arte gráfica? Esta sim deixou e muito a desejar. Porque nas letras eu não vejo necessidade de histeria nem para o agrado, nem para o desagrado; nos arranjos eu já disse: esperava mais, mas entendo; agora, na arte? Esta eu não posso engolir sem pestanejar. Simples demais! 
A capa de papel tem foto em preto e branco, seguindo o mesmo estilo dos vídeos postados no site. Para quebrar, o interior da capa e o encarte é colorido. Pronto, só isso: letras nuas e cruas em folhinhas coloridas. Na minha ignorante opinião faltou dialogar com a experiência do site. Algumas fotografias tiradas dos vídeos fariam eternizar o processo, já que o site certamente passará.
Falando do processo de gravação do disco, eu sugiro a todos que deem uma passadinha no www.chicobastidores.com.br . Obviamente Chico - o cd e o artista - se sustenta por si só, mas para as "almas mais perfeitas" que insistem em dizer que o tempo do gênio passou, é uma boa pedida para compreender este velho-novo Chico.

2 comentários:

  1. Bom, infelizmente não posso fazer nenhum comentário muito profundo sobre o assunto porque não sou um grande conhecedor da obra de Chico, sequer ouvi o álbum 'Cariocas' e só ouvi o novo uma vez, mas fico feliz em ser citado no texto. Te ler é sempre um prazer, portanto, não demore mais tanto tempo sem escrever.

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  2. Nossa que análise acurada... rs. Gostei! Parabéns pelo blog. Sei que você não posta aqui faz um tempinho, mas só agora consegui vê-lo. E já que o assunto é Chico vou encerrar citando certo trecho de uma musica dele que conheci através de você:

    "...Sábios em vão
    Tentarão decifrar
    O eco de antigas palavras
    Fragmentos de cartas, poemas
    Mentiras, retratos
    Vestígios de estranha civilização..."

    É sempre bom poder ler seus escritos.

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